Em mais um encontro Aquário Casa Firjan, um time de especialistas conversou sobre os caminhos para a transformação digital nas empresas, como incorporá-la aos negócios e sua urgência no cenário atual. Segundo dados da consultoria IDC, menos da metade das empresas no Brasil, até o ano passado, estava desenvolvendo transformações digitais. Após a pandemia da Covid-19, que deflagrou a audiência das marcas com presença digital mais consistente, a expectativa é de que essa realidade mude. 


Ruy de Quadros, professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica do IG/Unicamp, abriu a conversa com uma apresentação de slides de pesquisas de doutorandos da Unicamp sobre o tema. "A transformação digital é um processo de mudança que atinge a sociedade como um todo, a economia, a política, os aspectos sociais. A inovação no modelo de negócio é a principal porta de entrada da indústria na economia digital. A tecnologia dá várias perspectivas, abre oportunidades na interação com o cliente e com o mercado, de se agregar serviços e repensar modos de negócio distintos dos tradicionais", afirmou.


O nível de maturidade das empresas brasileiras; as influências do momento de crise e da pandemia nesse processo de transformação e os principais gargalos para a sua implementação e expansão foram assuntos debatidos pelos especialistas. 


Para Felipe Meier, presidente do Sindicato da Indústria de Eletrônica, Telecomunicações, Componentes e Similares do Estado do Rio de Janeiro (Sinditec), um dos problemas que dificultam o processo de transformação digital é a mão de obra desqualificada. "As empresas que entenderem a necessidade de elas mesmas investirem nesse treinamento terão mais chances. Fizemos um projeto do Sinditec ano passado que era uma residência de softwares. Colocamos 75 alunos para estudar durante seis meses, num treinamento com equipes da Firjan SENAI. No final desse período, 95% da turma estava contratada. Abrimos o edital esse  ano novamente e foram 3.500 inscritos”.


Especialista em transformação digital e conselheira da ONU, Lisiane Lemos acrescentou outra questão: o conceito equivocado de que o processo é uma exclusividade das grandes empresas. "Eu insisto na defesa da democratização do acesso ao mundo digital. O empreendedor e as microempresas precisam ter um entendimento profundo de seus processos pessoais. O que estava desorganizado antes, com a quarentena piorou muito. A parte ‘boa’ da pandemia é que as pessoas entenderam que podem se qualificar independentemente do lugar, remotamente", afirma a especialista. De acordo com estudo recente do Sebrae, 27,5% das pequenas e médias empresas do estado do Rio implantaram e-commerce. 


Gerente de transformação da Philip Morris Brasil, professor e fundador da startup Rod Lab, Denis Chamas também se queixou da carência de mão de obra qualificada em todos os níveis. "As pequenas e médias empresas sofrem muito com lideranças despreparadas. O empreendedor ouve um termo da moda, palavras-chave como benchmark e estratégia, e se assusta. Então contrata uma pessoa para falar sobre aquele assunto, mas não consegue nem fazer as perguntas certas. Mas o momento facilita a promoção dessas mudanças, porque voltar ao velho normal está fora de cogitação.", explica.

Assista ao Aquário Casa Firjan na íntegra: