A aula que o mundo está assistindo: como a Coreia do Sul transformou cultura em potência global

Representante da KOCCA revela estratégia por trás do crescimento do K-Content

27/11/2025

A aula que o mundo está assistindo: como a Coreia do Sul transformou cultura em potência global

Um dos debates mais aguardado do Encontro Internacional da Indústria Criativa, promovido pela Firjan SENAI SESI aconteceu na manhã desta quinta-feira, dia 27, na Casa Firjan, e trouxe ao Rio de Janeiro um dos especialistas envolvidos na expansão global do entretenimento: David WJ Park, representante da KOCCA — Korea Creative Content Agency, agência oficial do governo sul-coreano responsável por transformar o K-Content em um fenômeno planetário.

Sob o título “K-Content Economy: a fórmula sul-coreana para conquistar o mundo”, Park revelou uma estratégia pública orquestrada com precisão e visão de longo prazo, que hoje serve de modelo para qualquer país que queira transformar cultura, criatividade e identidade em ativo econômico. Segundo ele, o que diferencia a Coreia do Sul é a capacidade de integrar toda a cadeia da indústria criativa sob uma mesma lógica, eliminando barreiras entre setores que, tradicionalmente, operam de forma isolada. 

A KOCCA é responsável por música, quadrinhos, games, audiovisual, animação, personagens, moda, tecnologias emergentes e por toda a política de internacionalização.  Tudo isso conectado a políticas industriais, formação profissional, apoio a empreendedores e ações de exportação. “Neste formato, você tem mais sinergia. Os muros entre os setores vão desaparecendo. Temos muitos exemplos disso: como quadrinhos digitais que viraram K-dramas”, explicou Park, mostrando como a integração entre formatos potencializa histórias, cria franquias e amplia mercados.

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Um elemento impressionante do sistema sul-coreano é a sua estratégia de expansão global. Para apoiar empresas e criadores na negociação internacional, a KOCCA abriu escritórios em diversos países, garantindo presença direta nos mercados mais competitivos do mundo. Hoje, são 30 escritórios internacionais — três deles na América Latina: São Paulo, Cidade do México e Buenos Aires. “A grande maioria desses escritórios foi aberta nos últimos três anos, diante da demanda crescente de internacionalização”, afirmou Park.

Esse movimento acelerado mostra que, para a Coreia, internacionalizar conteúdo não é oportunidade: é política de Estado. O encontro terminou com a sensação clara de que o mundo pode aprender — muito — com o modelo sul-coreano.

Em um Rio de Janeiro que começa a enxergar suas próprias potências criativas e simbólicas, ouvir quem transformou cultura em estratégia nacional não é apenas inspirador: é um convite para pensar grande.

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